segunda-feira, 20 de junho de 2016

Construção em Terra


A construção de paredes em taipa e adobe permite-nos, utilizando técnicas de construção locais, responder eficazmente a um clima de grandes amplitudes, criando espaços discretos mas de grande beleza, bem diferentes daqueles com que nos confrontamos frequentemente.
“Logo que pôde erguer a sua morada, o homem construiu em terra crua.”
Em Portugal, é essencialmente no Baixo Alentejo que a construção em terra tem maior expressão. A estrutura geológica, as características do solo, a herança cultural de povos com tradição em construções de terra, o clima seco e o ambiente essencialmente rural são factores fundamentais para potenciar o desenvolvimento da construção em terra.Ainda hoje, são inúmeros os montes com construções em taipa, muitos deles abandonados à espera de renovação.

A localização preferencial destas construções no sul relaciona-se com influências históricas, culturais, geográficas e climáticas. Em Portugal, o património de construção em terra é dos mais ricos da Europa. As técnicas utilizadas são variadas e adaptadas de acordo com os tipos de terreno existentes.

As técnicas de construção em terra subsistiram no Alentejo até cerca dos anos 50 e 60, altura em que surgiram os surtos migratórios e as primeiras importações de modernas técnicas e materiais de construção. Cabe-nos a nós continuar esta tradição.
A utilização destas técnicas foi decaindo mas felizmente está a ser renovada, sendo considerada, a nível mundial, uma resposta possível para a sustentabilidade na construção.
Pretendemos associar à taipa outros materiais que permitam responder a exigências de resistência sísmica – como o betão armado e a madeira – dando resposta a situações em que a utilização da terra não seja a escolha aconselhável.
A construção em terra, pedra e madeira permite cumprir um dos principais papéis que se impõe às construções actuais: a sustentabilidade dos materiais utilizados. Qualquer um destes materiais é reutilizável, não constituindo qualquer perigo, nem sobrecarga ambiental mesmo após a sua vida útil.

A construção tradicional em terra, como aliás toda a construção tradicional, assenta num conhecimento empírico. A aprendizagem sobre os materiais e suas características físicas era escasso, o que colocava dificuldades relativamente à opção de uma matéria prima relativamente estável e com as qualidades ideais para uma construção.
A falta de conhecimentos relativamente a aspectos de resistência estrutural e processos construtivos apropriados foi motivo para considerar a taipa uma técnica  pobre, ineficaz e fraca.

Na actualidade, e para credibilizar a sua utilização, foi necessário aprofundar conhecimentos e racionalizar processos e técnicas construtivas, tornando-a atraente do ponto de vista económico e apelativa pelo curto prazo de execução da obra. Além disso,  a longevidade da taipa e do adobe são muito superiores à construção tradicional de cimento ou tijolo.
Pretende-se associar à taipa outros materiais que permitam responder a exigências de resistência sísmica – como o betão e a madeira – dando resposta a situações em que a utilização da terra por si só seja inviável.
A conjugação com madeira e pedra permitirá criar estruturas resistentes, perfeitamente enquadradas na paisagem e compatíveis com as paredes de taipa.

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