segunda-feira, 7 de maio de 2012

Português apresenta em Madrid projecto de 'casa girassol'


Manuel Lopes tem 40 anos e sonha com «o primeiro aldeamento vivo do mundo», em que várias casas de um bairro girem em sincronia como num campo de girassóis, de modo a recolher mais energia do que consomem.Para este aluno de mestrado na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), o futuro passa também pela apresentação do projecto ‘Casas em Movimento’ na Solar Decathlon, a maior feira do mundo especializada em arquitectura sustentável, que em Setembro deste ano se realiza em Madrid (Espanha).
A maquete já está pronta e ilustra «o sistema mecânico que permite que a cobertura da casa, revestida a painéis fotovoltaicos, se comporte com um efeito de girassol», o que pode permitir produzir «cerca de duas vezes e meia mais electricidade do que precisa».
Manuel Lopes conta até com o apoio do vencedor do prémio Pritzker de 2011, Eduardo Souto de Moura, que assegurou que tinha entre mãos um projecto «à Souto de Moura» e que já garantiu a presença na Solar Decathlon.
A ideia começou por ser desenvolvida no âmbito do projecto LIDERA da Universidade do Porto, um programa de apoio a iniciativas multidisciplinares que fomentem a auto-aprendizagem.
Em entrevista à Lusa, Manuel contou que começou por «desenvolver uma solução que permitisse entender os painéis fotovoltaicos enquanto parte integrante da casa e não como mero apêndice que se colocasse em cima dela».
«Os movimentos da casa surgiram como solução para obter uma maior produção de energia», explicou, «sempre na perspectiva de conseguir um ganho térmico de forma a conseguir mais sombra durante o verão e permitindo que o sol incida mais na fachada durante o inverno», dando assim azo a um ganho térmico na ordem dos 60 a 80 por cento.
Além da plataforma giratória que movimenta toda a estrutura da casa, o projecto contempla uma pala, ou cobertura, revestida a painéis fotovoltaicos, que possui rotação própria e que «por si só já garante um ganho de 20% em produção de energia».
Manuel Lopes revelou ainda que «estes complementos não têm que existir em simultâneo», podendo ser adquiridos posteriormente e tirando partido da estrutura modular da casa, que pode até pagar a sua própria evolução com os ganhos energéticos que vai permitindo.
«Pode mesmo, ao longo do seu ciclo de vida, não efectuar qualquer movimento, porque a casa produz sempre muito mais energia do que utiliza, mesmo tendo em conta os consumos das movimentações mecânicas da cobertura ou de toda a estrutura», garantiu.
Manuel Lopes lidera a única equipa nacional representada na Solar Decathlon e o objetivo será também «mostrar os recursos do país, a partir de elementos como o próprio revestimento da casa, que é feito em cortiça».
A promoção nacional será fundamental na apresentação do projecto, até porque a organização «avalia desde a comunicação à gastronomia».
Por isso, vai levar um chef de cozinha para «mostrar como se come bem por cá» e quer ainda levar um grupo de fados, além de incorporar a cultura portuguesa no projecto ao utilizar a calçada portuguesa nos arranjos exteriores da maquete e do protótipo.
A ideia das ‘Casas em Movimento’ conta já com apoios de parceiros que vão da EDP à EFACEC ou a SONAE, uma ajuda «essencial» para a construção do protótipo, que deverá custar entre 250 mil e 300 mil euros.
O arquitecto sonha em projectar um destes aldeamentos vivos nas encostas do Douro, até porque acredita que com a industrialização e comercialização esse valor possa descer até metade, para ser depois compensado pela produção energética.
Em Madrid, a exibição do protótipo à escala real de uma das ‘Casas em Movimento’ deverá permitir que cerca de 200 mil visitantes conheçam não só a arquitectura, mas a cultura portuguesa.

Lusa/SOL

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...