Fonte: Raul Sousa Cardoso, Arq - Casa em Abragão – Recuperação de habitação uni familiar
Muitos dos
casos de reconstrução e reabilitação de pequenas construções permitem que seja
tirado partido da beleza e carater dos elementos de madeira originalmente
utilizados na estrutura da construção.
Para que a
integração desses elementos seja feita da melhor forma e mais segura, impõe-se
a avaliação antecipada das suas reais condições de aplicação e estado de conservação.
A avaliação
global de estruturas em madeira exige um vasto conhecimento e experiência dos
profissionais, nem sempre fácil de encontrar actualmente.
A falta de
formação académica adequada à boa interpretação de estruturas e métodos
tradicionais de construção, ou a ausência de experiência dos carpinteiros
profissionais, dificulta, chegando mesmo a impossibilitar, o bom aproveitamento
dos elementos que nos chegam.
Estas limitações
levam a que, na maioria das vezes, os elementos que poderiam ser recuperados ou
reforçados, acabem demolidos por segurança e falta de outros conhecimentos.
De uma forma
geral, e dependendo da utilização estrutural ou não dos elementos em madeira em
pequenas intervenções, quando a estrutura apresenta bom estado de conservação, será
aceitável que sejam apenas repostas as condições de segurança originais,
reparando os elementos deteriorados.
Antes da
tomada de decisão sobre a intervenção a realizar deverá ser feita uma inspecção
preliminar cuidada. Esta inspecção resultará noutra mais detalhada e aprofundada,
que defina concretamente intervenções mais profundas e drásticas, repondo as
boas condições de segurança.
As
estruturas de madeira podem referir-se apenas às utilizadas em coberturas ou
pavimentos mas também, e ainda, às utilizadas em paredes estruturais e de compartimentação.
A titulo de
exemplo referem-se das “paredes de gaiola”, tão tradicionais na nossa construção
Pombalina. As “paredes de gaiola” são normalmente paredes estruturais, num
misto de madeira e alvenaria de pedra, em que a armação de madeira, ficava embebida no maciço de
alvenaria, à face da parede interior. Garantia-se assim que, em caso de sismo, se
o edifício desmoronasse, se manteria na íntegra a gaiola tridimensional.
Paredes de
gaiola – construção pombalina
Na inspecção
preliminar procura-se essencialmente:
- Sintomas associados à presença de humidade como manchas, bolor ou cheiro a mofo;
- Identificação da localização estrutural dos elementos – próximo de redes de águas, beirados ou pontos singulares da cobertura, zonas mal ventiladas em cave, etc.
À inspecção
preliminar visual podem associar-se então ensaios estruturais não destrutivos
que pretendem avaliar as condições de segurança da estrutura.
A
avaliação das condições de segurança da estrutura pretende entender
genericamente a estrutura original e o seu enquadramento no todo, de modo a
depreender eventuais alterações que se pretendam realizar. Pretende ainda identificar
eventuais erros, que possam ter sido cometidos originalmente, para que os
mesmos possam ser corrigidos.
Esta
inspecção mais detalhada e técnica permitirá definir entre uma intervenção de
reabilitação ou reforço, ou ambas em simultâneo, dependendo da zona a que se
aplique.
Nos
casos em que sejam identificados agentes biológicos, no ataque aos elementos de
madeira, é fundamental travar a sua progressão, impedindo-a preventivamente.
Genericamente
poderá promover-se a secagem dos elementos (quando aplicável), a sua limpeza e
eventual tratamento com insecticida e/ou fungicida ou ainda a aplicação de
preservador da madeira.
Apenas
após a identificação e correcção destes problemas é que as reparações e
substituições de outros elementos deverão ser realizadas.
De
uma forma simplificada, na reabilitação de estruturas em madeira, deve garantir-se:
-
antes da reabilitação global da estrutura são aplicados os tratamentos de eliminação
e prevenção de focos de humidade e/ou agentes biológicos;
-
ventilação dos elementos, evitando o contacto da madeira com outros que
retenham humidade ou impeçam a ventilação;
-
a manutenção dos elementos existentes nas condições estruturais que já
detenham, evitando alterar a sua relação em relação ao serviço que estejam a
desempenhar (ou seja, introduzir restrições ou eliminá-las, de modo a exigir mais
do que elemento do que inicialmente);
-
a manutenção da boa visualização ou acesso das estruturas intervencionadas para
que possam ser realizadas inspecções periódicas que garantam a segurança do
todo.
Fonte: Empresa teambox, “Recuperação de e
remodelação de casa tradicional com mais de 200 anos”: Reaproveitamento de
todos os barrotes de madeira de carvalho original. Reaproveitamento de todas as
madeiras de carvalho da casa, e reutilização em portas, alçapões e portões.
Em
resumo, a realização de inspecções mais ou menos detalhadas, com recurso a ensaios
não destrutivos, não dispensa a avaliação de um profissional competente, quer
no desenvolvimento da inspecção, quer na interpretação dos resultados e
definição da intervenção a desenvolver.
Deixo ainda uma ideia "naturalmente integrativa"
e bem... este é um caso em que a "madeira" original não necessitaria propriamente de "inspecção prévia" estrutural...(já a rede de raizes seria toda uma outra história...)
Artigo de:Ana Pereira
Senior Civil Eng|Reinforcement and Rehabilitation of Structures|Microsoft Project
Deixo ainda uma ideia "naturalmente integrativa"
e bem... este é um caso em que a "madeira" original não necessitaria propriamente de "inspecção prévia" estrutural...(já a rede de raizes seria toda uma outra história...)
Artigo de:Ana Pereira
Senior Civil Eng|Reinforcement and Rehabilitation of Structures|Microsoft Project
Sem comentários:
Enviar um comentário