O desenvolvimento sustentável é o equilíbrio entre as necessidades de desenvolvimento e o meio ambiente, visando melhorar as condições de vida atuais sem comprometer as gerações futuras.
Antecedentes
Desde que o Homem se torna sedentário, passa a ter necessidade de construir abrigos que lhe ofereçam proteção e que sejam duráveis. Na sua construção são utilizadas alvenarias de blocos de terra e pedra. É também usada a madeira e outros materiais naturais.
Com o aumento das exigências de resistência das construções, os materiais deixam de ser aplicados tal como são extraídos da natureza e passam a envolver transformação de matérias-primas, o que implica maior consumo energético.
Nos finais do séc. XIX surge um novo material de construção, o betão. Mais tarde, com o objetivo de otimizar as suas características mecânicas, é introduzido o aço em varão tornando-se o betão armado no material mais utilizado na construção até hoje.
Na 2ª metade do séc. XX verifica-se um grande aumento da construção mas, muitas vezes, o crescimento das cidades faz-se de uma forma desordenada e com baixa qualidade construtiva. São ocupadas zonas rurais e destruídas zonas verdes. Os recursos naturais são usados em grande escala, provocando feridas na paisagem e danos ambientais avultados.
Face a esta realidade, começam a surgir críticas a este modelo de desenvolvimento urbano. Desperta a consciência coletiva de que se nada se fizer para inverter esta tendência, rapidamente se esgotarão os recursos naturais. Está em causa a própria existência da espécie humana.
Neste contexto, no final dos anos 60, emerge uma corrente ecológica que defende a preservação da natureza e dos seus recursos. A crise do petróleo, na década de 70, veio também despertar a ideia da necessidade de poupança de energia.
Conceito de desenvolvimento sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável surge pela primeira vez na década de 80. Defende-se um modelo em que haja um equilíbrio entre as necessidades de desenvolvimento e o meio ambiente. Visa melhorar as condições de vida atuais sem comprometer as gerações futuras.
O Protocolo de Montreal, de 1987, é um acordo internacional que estabelece metas para o controlo de emissão de substâncias que destroem a camada de ozono.
Em Portugal, em 1990, é apresentado um 1º Regulamento de Comportamento Térmico dos Edifìcios, sendo lançada em 2006 nova legislação, RCCTE e RSECE, aplicada a todos os edifícios e sendo a sua aprovação efetuada por peritos qualificados em térmica.
Em 1998, é estabelecido o Protocolo de Quioto (Kyoto), resultante de uma série de eventos, que visa a redução de emissão de gases poluentes responsáveis pelo efeito de estufa e o aquecimento global. Entra em vigor em 2005, englobando 141 países entre os quais Portugal. O protocolo não é aplicado aos EUA, o maior poluidor do mundo, o que leva países como o Canadá a questioná-lo.
Atualidade
Hoje o crescimento sustentável é uma prioridade de atuação. Assenta em três vetores: desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
Esta perspectiva de sustentabilidade é aplicada ao setor da construção, uma vez que este é o responsável por grandes danos sobre o meio ambiente.
O uso do betão começa a ser questionado. Pela sua durabilidade limitada, por envolver a utilização de grande quantidade de recursos naturais e pelo elevado consumo energético no fabrico dos materiais que o compõem.
Em alternativa aparecem novos sistemas construtivos como as estruturas metálicas leves (LSF) e em betão celular autoclavado (ACC). Ressurgem igualmente tecnologias em desuso, como a construção em taipa ou adobe e em terra.
São adotados progressivamente um conjunto de procedimentos com vista à diminuição do impacte ambiental das construções. Promove-se o uso de energia a partir de fontes renováveis, a recolha da água da chuva e reutilização de água, passa a ter-se um maior cuidado na escolha dos materiais construtivos e estabelecem-se normas para os resíduos da construção e da demolição.
Princípios básicos de uma construção sustentável
Reduzir o consumo energético
Durante a fase de obra e de utilização usando fontes de energia renováveis, minimizar os consumos energéticos e optimizar a iluminação e ventilação natural.
Diminuir o consumo de água
Redução da quantidade de água envolvida na produção de águas residuais. Instalação de autoclismos com sistemas de descarga diferenciados, uso de bases de duche em vez de banheiras e instalação de torneiras mono comando, entre outros.
Assegurar a salubridade dos edifícios
Maximizar a iluminação e ventilação natural e criar, se possível, aberturas para o exterior em todos os compartimentos.
Potenciar a durabilidade das construções
Usar materiais e sistemas construtivos que ampliem o ciclo de vida das construções.
Promover acções de manutenção e reabilitação do edificado
Usar materiais eco-eficientes
Usar materiais não nocivos à camada de ozono, duráveis, com baixa manutenção, com baixa energia primária, localizados próximo do local da obra e de fabrico a partir de materiais reciclados ou que no futuro possam a vir a ser reciclados.
Aproveitar as condições e recursos locais
Diminuir a área de implantação e o volume de construção
Apostar em inovações tecnológicas amigas do ambiente
Proceder a uma gestão sustentável da obra
Reduzir, reutilizar e reciclar resíduos sólidos
Promover um custo de obra economicamente vantajoso
O desafio atual para a arquitetura é então procurar criar soluções inovadoras que aliem uma estética atraente, a uma boa eficiência energética e um impacte ambiental reduzido.
Parceiro:Arquitetura Portuguesa
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