Há mestres construtores que levantam casas em terra crua. Isto desde o tempo em que Cristo andava pelo mundo. Deitam a terra entre dois taipais de madeira, fecham os topos com comportas, apertam tudo com agulhas de ferro, costeiros e cordas e pisando-a com maços, levantam paredes. Esses especialistas eram – porque hoje já quase não existem – os construtores da taipa, pedreiros que, além desta, dominavam outras técnicas de construção.
A maior parte do Alentejo abrigou as suas gentes em casas de taipa. Casas senhoriais de impressionante traçado foram assim construídas, sirva como exemplo o Paço Ducal de Vila Viçosa. Outras vezes eram construções de somente quatro paredes, quase sem compartimentos, como as pobres casas do Castelo, em Serpa.
Construir em taipa é uma forma de utilizar o mais singelo e comum dos materiais: a terra. A pedra há que procurá-la aqui e ali, ajeitá-la, parti-la. O tijolo há que moldá-lo do barro, secá-lo, cozê-lo, dispô-lo um sobre o outro. A terra, de onde vimos e aonde retornamos, é outra coisa. Está à mão. Existe em toda a parte. Há só que compactá-la para que ganhe resistência. Prensá-la de forma adequada, para que se transforme em barreira contra a intempérie. É uma invenção quase óbvia do homem.
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(do livro Margem Esquerda do Guadiana de João Mário Caldeira)
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(do livro Margem Esquerda do Guadiana de João Mário Caldeira)
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