sábado, 10 de março de 2012

Revestimento inovador que aquece casas

 

A argamassa é colocada em diferentes locais.


Uma equipa de investigação do departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho(UMInho) está a criar um revestimento revolucionário para paredes e tectos que aquece/arrefece a temperatura interior das casas e escritórios. A inovação ajuda a poupar na factura eléctrica, a um maior conforto térmico e à eco-sustentabilidade.

A tecnologia baseia-se em microcápsulas termicamente activas, aplicadas na superfície das argamassas – o que deverá ser uma prática corrente dentro de dez anos, esclarece José Barroso de Aguiar, docente da UMinho.

Em concreto, o composto de gesso, cal, cimento, areia, água e cápsulas microscópicas de PCM (material de mudança de fase) é colocado nas paredes e tectos e esta camada serve como climatizador: transita de fase líquida para sólida, e vice-versa, em temperaturas próximas da ambiente (20-25ºC).

Por exemplo, ao passar de fase sólida para líquida faz descer o termómetro e reter energia do compartimento. Com estes aditivos nas argamassas consegue-se reduzir o consumo de energia (eficiência), uniformizar a solicitação à rede energética, aumentar o conforto térmico dos edifícios, evitar o gasto das não renováveis e, por efeito, minimizar o consumo de dióxido de carbono. 
Patente portuguesa versus alemã
Constituição do projecto:
O projecto designado «Contribuição de Argamassas Térmicas Activas para a Eficiência Energética dos Edifícios» é apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e termina em 2013. Junta cerca de 25 investigadores das universidades do Minho (promotora), Aveiro, Coimbra (através do instituto IteCons) e ainda das empresas parceiras Secil Martingança e Sival, ligadas aos ramos das argamassas de cimento, cal hidráulica e gesso. Do Departamento de Engenharia Civil da UMinho está representado o seu Centro de Território Ambiente e Construção (C-TAC), com os docentes José Barroso de Aguiar, Manuela Almeida, Luís Bragança, Miguel Ferreira, Sandra Silva e a bolseira Sandra Cunha.
A UMinho está ligada a duas patentes, que investiga desde 2004. A Alemanha começou os estudos “quase em simultâneo”. A patente portuguesa aplica o PCM na parte exterior de um reboco de duas camadas; já a patente alemã coloca o PCM em toda a espessura do reboco.

A equipa de investigação minhota diz não ter registos de uma invenção do género no resto do mundo. E, em 2012, prevê fazer um workshop para os parceiros do projecto trocarem experiências; se tudo correr bem, também irá anunciar os resultados prévios e eventuais patentes.

Além de desenvolver sistemas construtivos energeticamente mais eficientes, a presente pesquisa coordenada pela UMinho procura averiguar a viabilidade técnica da aplicação dos PCM e quantificar a redução de consumos de energia para diversos tipos de imóveis e divisórias, através da comparação com argamassas convencionais e simulação numérica.

Garantir a qualidade 
No primeiro caso, quer-se garantir que a nova tecnologia não vai fissurar nem descolar da parede e, além disso, respeita as exigências europeias. No segundo, interessa saber qual a melhor compartimentação para rentabilizar a inovação, se um apartamento tipo T2 ou uma vivenda. “Acredito nesta tecnologia, é muito útil para a sociedade em geral. Dentro de dez anos, será corrente no interior dos edifícios”, nota José Barroso de Aguiar, realçando: “Vai valer a pena pagar mais quando se constrói, mas saber que esse custo inicial [no PCM] se amortiza em poucos anos, graças à poupança em electricidade”. 

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